ESSE É UM TEXTO QUE EU ESCREVI EM JANEIRO DE 2002
A LOTERIA DO PRIMEIRO BEIJO
Na adolescência, tudo parece ser mais complicado do que é - especialmente quando se trata de convencer uma garota a dar uns beijinhos. Engraçado, isso sempre foi relativamente fácil para mim, mas não era fácil para os outros.
Eu tinha um amigo que tinha esse problema. Era estranho. Ele já tinha transado com uma mulher e eu não - mas eu tinha, sei lá, beijado umas 10 garotas e ele nada. Uma noite, finalmente, desencalhou. Completamente bêbado, ele agarrou uma menina chamada Naomi na Kombi-Trailer do primo, na praia.
No dia seguinte, fomos dar um passeio no calçadão, olhando o mar. Ele, de ressaca, me perguntou: "E aí, eu gostei?".
Eu não disse nada.
"Ela era bonita, pelo menos?"
Novo silêncio. A menina era gorda, meio vesga e tinha uns pelinhos na bochecha.
"Pô, fala alguma coisa."
Eu disse que só lembrava do nome dela. Naomi.
"Naomi. Então ela devia ser tipo indiazinha, né? Esse nome é índio."
Eu respondi que tinha lido um livro do Harold Robbins havia uns dois anos (é, aos 13 anos você lê o que tem em casa, fazer o quê?) e tinha uma personagem chamada Naomi. Portanto, esse nome não deveria ser tupi-guarani.
"Tudo bem, mas como ela era?"
Esse foi um dos maiores dilemas da minha adolescência. Dizer o quê? Que a menina era linda? Que era um tribufu? Resolvi sair pela tangente.
"Olha, eu estava mais bêbado que você, não lembro nem da cara da menina que estava comigo..."
"Deixa de ser mentiroso. Você lembra de tudo. Sempre. É até irritante."
"Amnésia alcoólica", eu respondi.
Acabei de dizer isso e olhei para o outro lado da calçada. Uma garota meio gordinha e vesga estava atravessando na nossa direção. Quando ela estava a um passo da gente, caiu a ficha: era a garota dele, a menina da noite anterior. Gelei. E agora?
Ela passou direto, ainda ressacada da noite anterior, e não reconheceu nenhum dos dois. O assunto morreu. Graaaaaças a Deus.
Eu tinha um amigo que tinha esse problema. Era estranho. Ele já tinha transado com uma mulher e eu não - mas eu tinha, sei lá, beijado umas 10 garotas e ele nada. Uma noite, finalmente, desencalhou. Completamente bêbado, ele agarrou uma menina chamada Naomi na Kombi-Trailer do primo, na praia.
No dia seguinte, fomos dar um passeio no calçadão, olhando o mar. Ele, de ressaca, me perguntou: "E aí, eu gostei?".
Eu não disse nada.
"Ela era bonita, pelo menos?"
Novo silêncio. A menina era gorda, meio vesga e tinha uns pelinhos na bochecha.
"Pô, fala alguma coisa."
Eu disse que só lembrava do nome dela. Naomi.
"Naomi. Então ela devia ser tipo indiazinha, né? Esse nome é índio."
Eu respondi que tinha lido um livro do Harold Robbins havia uns dois anos (é, aos 13 anos você lê o que tem em casa, fazer o quê?) e tinha uma personagem chamada Naomi. Portanto, esse nome não deveria ser tupi-guarani.
"Tudo bem, mas como ela era?"
Esse foi um dos maiores dilemas da minha adolescência. Dizer o quê? Que a menina era linda? Que era um tribufu? Resolvi sair pela tangente.
"Olha, eu estava mais bêbado que você, não lembro nem da cara da menina que estava comigo..."
"Deixa de ser mentiroso. Você lembra de tudo. Sempre. É até irritante."
"Amnésia alcoólica", eu respondi.
Acabei de dizer isso e olhei para o outro lado da calçada. Uma garota meio gordinha e vesga estava atravessando na nossa direção. Quando ela estava a um passo da gente, caiu a ficha: era a garota dele, a menina da noite anterior. Gelei. E agora?
Ela passou direto, ainda ressacada da noite anterior, e não reconheceu nenhum dos dois. O assunto morreu. Graaaaaças a Deus.
1 Comments:
Acho que isso é uma condição sine qua non da adolescência. (risos)
Escrevi algomuito parecido:
http://www.eduardohaak.kit.net/chacrinha.html
Abraços!
Eduardo Haak
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